A produção da poesia marginal encontra-se,
no presente contexto, num momento de revisão: no último ano e meio, pelo menos,
vimos exposições, relançamentos, edições temáticas de revistas de crítica
especializada, etc. Nesse sentido, um dos motivos para a reencenação de seus
temas e questões, não o único e talvez nem mesmo o mais importante, foi o
recente investimento – muito bem-sucedido, diga-se de passagem – de uma grande
editora no filão de poetas mortos que começaram a publicar entre finais de 1960
e inícios de 1970 e passaram a ser reconhecidos principalmente após a edição da
história antologia de Heloísa Buarque de Hollanda [26 poetas hoje]. A classificação, entretanto, de poesia marginal
continua a ser ridicularizada, ou observada com desdém, descrédito e
desinteresse. Seja através do apontamento da diversidade inconciliável das
produções individuais, seja pela reiteração do juízo negativo que primeiro a
acolheu [a formulação pode parecer estranha, mas é essa mesmo, no sentido de
que, mesmo quando apreciada, tal produção poética foi considerada principalmente
a partir do que ela não apresentava, do que não era, seus famosos anti-:
antiliterária, anticabralina, etc.], nota-se de lá e de cá uma certa
necessidade de ressalvas ao se falar de poesia marginal.
Apresentamos, nessa postagem, 3 poetas que
começaram a publicar no período e participam de um modo ou de outro do que se
entende como poesia marginal, mas que, dentro da economia da consideração
crítica, permanecem de algum modo à margem. Uma das marcas de nossas
considerações sobre tal produção é o desejo de considerá-la a partir de seus
elementos positivos, indagando acerca do que ela é, e do que pode vir a ser
para nós que escrevemos hoje – ao invés de se manter uma perspectiva que avalia
o que nela falta, ou que ela não apresenta, de onde ela deriva, qual tradição literária
repete, etc.
Em um texto intitulado Consciência marginal, publicado na revista de Artes Malasartes, Bernardo Vilhena e Eudoro
Augusto lembram Cacaso para tentar dar a ver o que significa a via da poesia
marginal: “Latente em quase todos nós, desperta aos poucos uma atitude que o
Cacaso define numa frase convicta: ‘a vida não está aí para ser escrita mas a
poesia sim está aí para ser vivida...’”. Tal perspectiva é infensa tanto à
leitura da poesia marginal como armazenamento de impressões e experiências
privadas, quanto ao clichê da junção arte/vida. Fundamentalmente, o que ela
anuncia é o abandono de uma compreensão da arte enquanto recolhimento em uma
forma acabada, estrutura fixa do que é a vida (essa forma/estrutura entendida
como cópia, criação, invenção, etc.) em favor de uma arte que é tensão geradora
de movimento. Daí, sua proximidade com os temas do provisório, do transitório, da
deformidade, do grotesco parodístico, etc.
Evidentemente, há muitas figuras diversas
que buscam entender, ou dar a ver essa tensão
fundamental (lembremos de “caprichos e relaxos”, “polinização cruzada”, etc.) –
em entrevista recente a uma rádio de Brasília, Eudoro Augusto parece nos
fornecer uma delas, ao afirmar que entre uma e três da manhã escreve
hemorragicamente, para depois, quando acordar no dia seguinte, pentear os
poemas. Tensão, portanto, entre o que está no interior do próprio corpo e numa
explosão violenta vaza, ameaçando a integridade do corpo, e o gesto de
desembaraçar, alinhavar distraidamente o que está na parte mais extrema de um
corpo, constituindo quase uma zona estrangeira (uma vez que apresenta diferenças
de ritmo de crescimento, renovação e decomposição).
A escolha por marginais à margem interessa,
para além do processo de reconsideração e caracterização dos procedimentos
colocados em ação por tal poesia, como forma de demarcar a dificuldade, do
ponto de vista da manutenção do projeto poético, a partir de meados da década de
1980, levando a anos de silêncio. Em declarações recentes, Charles, por
exemplo, conta da decisão de parar de publicar após ver a edição de seu livro
de 1985 não ir para as prateleiras das livrarias. Contudo, talvez a inserção de
um mercado editorial com novas estratégias e novas formas de valoração e
organização do literário parece ser apenas um dos fatores de uma cena complexa.
Eudoro
Augusto nasceu
em Lisboa, em 1943, mudando-se para o Brasil aos dez anos de idade, residindo
primeiro em São Paulo em seguida em Florianópolis. Na UnB, formou-se em Letras,
e fez Mestrado em Literatura Brasileira. Entre 1969 e 1973, publica poemas e
contos no Suplemento Literário de O
Estado de Minas. No início da década de 1970, muda-se para o Rio de
Janeiro, aproximando-se de poetas na cena do que viria a ser conhecido como
poesia marginal. Seu primeiro livro é publicado em parceria com Afonso Henriques
Neto, O misterioso ladrão de Tenerife,
publicado em 1972. Publicou ainda A vida
alheia (1975), Dia sim, dia não em
parceria com Chico Alvim (1978), Carnaval
(1981), Cabeças (1981), O desejo e o deserto (1989). Não publicou
ao longo da década de 1990. Nessa época, muda-se para Brasília, dedicando-se a
uma série de outras atividades. Em 2001, lança Olhos de bandido. Ao qual, segue-se a Trilogia do Suodeste: Um estrago no paraíso (2008), A natureza humana (2009) e Noite em Claro (2011). Ainda não se
editou um volume com suas obras do século passado e as do presente momento
reunidas.
Charles
Peixoto nasceu
no Rio de Janeiro em 1948. Seu Travessa
Bertalha 11 (1971) foi uma das
primeiras edições mimeografadas de que se tem notícia no país. Nos anos 1970 participou
do grupo Nuvem Cigana, publicando Creme de Lua (1975), Perpétuo Socorro (1976) e Coração de Cavalo (1979). Em 1985,
publica pela Taurus, Marmota Platônica,
ao qual segue-se um hiato poético. Trabalha com atividades ligadas a sua
formação em Comunicação, como rádio, publicidade, cinema e TV. Volta a publicar
em 2011, com o volume Sessentopéia. Este
ano, teve sua obra reunida em Supertrampo,
lançado pela 7letras.
Aristides
Klafke nasceu
no Matogrosso em 1953, tendo mudado para São Paulo quando tinha quinze anos. Lá
publicou, junto com Arnaldo Xavier, Pablo
(1974), seu primeiro livro de poemas. Funda o grupo das edições Pindaíba,
que forma uma espécie de núcleo da poesia marginal de São Paulo. Participa das
edições coletivas Cara a Cara e Contramão (ambas de 1977). E publica
individualmente os livros Osso Geral
(1977), Esquina Dorsal (1978), Oportunidade dada (1980), e O mistério que tem no coração todo bandido (1982).
Participa da edição de Poesia viva II (4
poetas), lançada pela Braziliense em 1983. A legião dos troncos com rostos, de 1989, é o último livro de
poemas seu de quem se tem notícia. Desde 1986, moram em Nova York, dedicando-se
ao trabalho com Artes Plásticas e ao ensino delas.
Ilustra a postagem uma foto com totens
feitos com poemas de Eudoro Augusto na intervenção urbana do coletivo de
Brasília Loucos de pedra.
***
Eudoro
Augusto
De Cabeças (1981)
3
a mancha do meu nome em vão
sobre a lisura do campo
a irritada grafia marca sem muita firmeza
uma revoltar abortada: o motim de apenas um
esta revolução nunca vai sair do papel
*
7
juntei minhas coisas
meus cacos meus livros
dei murros na parede oca
(com pouca força que eu não sou louco)
abri os vidros e gritei pra lua
meu poema fugiu com outro
*
28
aula de história interrompida
o professor preso
o império do Grande Khan é apenas vestígio
marcas de giz e meias palavras
(os dedos que traçaram o mapa no quadro
negro
não são os mesmos que conduzem agora o
apagador
reduzindo datas e batalhas à metade)
pela janela os olhos percorrem a relva
comum
que em nada lembra os desertos e a neve
coberta de cadáveres
um cavalo de pedra lambendo as feridas
a Transoxânia invadida
Bokhara subjugada
vencida Samarcanda
e Khorasan devastada pelos mongóis
*
31
– tá com fome?
– não. tou com febre.
*
37
deixa comigo que eu apresento
guarda o finzinho pra depois
tudo gente fina
de repente é um lance maneiro
combinado, não tem erro
quê que é isso, xará
aqui não pinta esse vacilo
é tipo escancaro
tudo em cima, sabe como?
numa naice
*
44
gelo quebrado
copo na mão
mexendo e moendo as coisas que não
*
47
uma cabeça que dança
que cansa de ser cabeça
*
64
a União ama a Força
*
78
a uva da luxúria depois de seca
dá uma passa deliciosa
dizem
*
De Olhos de bandido (2001)
Detective
Story
A chave perdida
e penosamente recuperada
não abre a porta que deveria abrir.
Os vampiros não existem.
Você precisa procurar um analista
perseguir fascinantes pistas falsas.
Falsas louras
famintos
amores
fictícios
tesouros.
Um corpo no elevador
completamente apunhalado.
O herói da segunda parte é fraco
não acredita em nada
e cheira cocaína no final da tarde.
As personagens que ela encarna
são sempre do tipo que eu não gostaria de
conhecer
na vida real.
Acabou a manteiga.
Só a alma não chega.
Você está horrível.
Eu não quero te perder.
*
Canalha
De tardinha eu passo aí
e dou um trato nessa bucetinha.
Sem ela
sou capaz de morrer.
*
Burocrata
Por um momento levanta a cabeça
abandona a papelada e os carimbos
e olha vagamente
com um meio sorriso médio
para um ponto que seria o infinito.
Mas logo recompõe o rosto
pálido impávido
e ajeita a barata sobre a gravata.
*
Placa
Proibido fumar o cachorro sobre a grama
*
Aquiles
O calcanhar é uma ideia sólida.
Pra chegar até Helena
armarei um temível cavalo de pau.
Depois
é só deslizar pelo monte de Vênus,
digo, Afrodite.
Aquiles só pensa naquilo.
*
Diálogo
na rua 15
– E o Otávio, como vai?
Foi grave?
– Tropeçou no brinquedo da criança.
Mas está fora de perigo
Maxilar fraturado, antebraço, ego,
clavícula, quatro costelas.
Mas está fora de perigo.
– E o brinquedo?
*
Malibeck
com estranho Hegel
Primeiro tu aperta um.
Queima bem devagarinho.
Lava o rosto
escova os dentes
repassa dois textos.
Liga pra ela
mas não marca nada.
Volta ao texto.
Fala com a cunhada.
Pausa para almoço
com jogo do Brasil.
Antes
mistura um pouco de Malibu
congeladinho
com Domecq natural.
Isso é Malibeck.
No restaurante
com chope preto
que ninguém é de ferro.
Em tributo ao amigo Charles
um estranho Hegel.
O jogo tá morno.
O argentino dá porrada.
Aí tu pede um prato
de língua defumada.
O juiz tá roubando.
Pensa outra vez na mulher.
Seja o que Deus quiser.
*
Deixa
Dilson
A primeira luz da manhã
trava o sorriso da noite de ontem.
Tensão nos maxilares.
Ruído crescente dos primeiros bares.
Seca, seca, a tua alma navega
entre recifes e escombros
pelos mais estranhos canais
até ancorar no canto, junto ao balcão.
Solidão poderia ser apenas
mais outra marca de vodka.
*
Para
com Wilson
Doutor Carlos!
E o meu exame, Doutor Carlos!
Por favor, Doutor Carlos...
Não vá embora sem me falar nada.
Tou aqui na maior agonia,
tou arrepiado.
Mas o senhor pode falar comigo
com toda a franqueza, sem receio,
sou homem bastante pra enfrentar os fatos.
Pelo amor de Deus, Doutor Carlos!
Tou preparado pra verdade
mesmo que ela seja dolorosa.
Não suporto mais ficar aqui
mofando
sem saber de nada.
Porra, Doutor Carlos!
O que é que deu afinal
no meu exame de sangue?
*
Não
entra Nelson
Gostaria muito de lhe passar
uma nova versão
desta vida morna.
Entretanto eu mesmo acho difícil
reverter a situação.
Poderíamos tentar uma conversa
quem sabe
uma viagem, um cinema, um parque,
uma sessão de sexo oral.
Talvez seja bom dar um tempo
deixar que o tempo se encarregue
de traçar seu sórdido destino.
Você poderia tentar com mais persistência
sair desse isolamento, dessa torre de
arrogância
e respirar o ar livre e ser talvez feliz.
Acho difícil
mas pode ser que aconteça.
*
De Um estrago no paraíso (2008)
Correios
& Telégrafos
Chegou alguma coisa pra mim?
Alguma carta? Um convite? Uma
Encomenda?
Nada. E as contas?
As contas chegaram.
*
Frescor
Cada vez que você sai do banho
está recriando a primavera.
***
Charles
Peixoto
De Travessa Bertalha 11 (1971)
as pessoas se encolhem num canto da cabeça
e podem pensar em absolutamente nada
por muitas vezes
passam pela gente autoritárias e nervosas
outras têm o universo e voam
*
De Creme de lua (1975)
marcatempo
– olha a passarinhada
– onde?
– passou
*
o poeta é um atravessador de paredes
fantasma de si mesmo
entre lençóis de linho
não tem mulher que quer
tá mijadinho
bichado
bicudo
*
pre$o
por
penetrar na festa
jogar pedra no monumento
arrotar no juramento
mijar em praça pública
cuspir no reitor
jogar dinheiro fora
trepar com a filhinha do papai
brincar demais
dar bandeira
se olhar no espelho
tirar calça na rua
matar o industrial
fumar maconha
roubar um queijo
ganhar um beijo
sacar o lance
*
quando me dou por vencido
não me dou por perdido
*
De Perpétuo socorro (1976)
sou o que amo + o que minto
*
De Coração de cavalo (1979)
era muito melhor dançar que ficar aqui
falando bobagem
eu bem que te disse doralice que assim não
dá
ali vai ficando rosa
ali é bem na cara
aquele prédio é um urubu na paisagem
urubu não
que
é meu time
*
De Marmota platônica (1985)
agarrado a você feito um paruara
feito um caranguejo
lambendo os beiços
feito um patriarca na fuzarca
feito um queijo
um copo d’água no deserto
perto de quem acredita que tá feio
acabado
plenamente satisfeito
*
qualquer silêncio massacra meu piano de
cauda de perdiz
certas tranças teiam um certo barato que
não me deixa dormir
tenho muita saudade desse retrato que o
pintor pintou
sem
olho e sem nariz
vermelha a toalha – a malha que tece o
famigerado coração
ceiam na mesa as ilusões veteranas e os
ovos frescos
das
galáxias
*
sentado
no parapeito do 22º andar
ouvindo
o uivo de um cachorro
long life lá por baixo
alguma coisa vai virar
camarelentamente recordo o definitivo
sorteio
deu zebra no mercado
as ilusões saíram de férias
o destino assume o papel de bagre
*
De Sessentopéia (2011)
como um tomate que rola capenga sem uma
parte
a arte vai ao cinema
ver a parte do tomate que não se emenda
*
cão que ladra não late
se for leite de cabra
eu prefiro mate
*
tales que talhava bem um terno
tanto talhou que cortou o dedo
tales continuou talhando
e pôs termo ao braço tísico
tales não traiu o corte
seguiu cortante
cortou parte da cabeça que só pensava em
tese
aliás
tales não pensava em tese
exercia exatamente o confrontante
era dispare
palhares
quase surdo
nem treinável nem tonitruante
apenas tímido
covarde
idiota
enfim
um palerma
*
sabor azinhavre que cobra a cópula com a
vida sóbria
sobras de sepulcro que se avizinham à
solenidade
ao sarcasmo que dá tonalidade ao branco
baço
à beira do abismo nas comemorações recentes
lá se vão as bestas a preencher o vazio
acumulado
as iluminuras tão brilhantes que ao
presente escapa
lágrimas que esguicham dos bebês bastardos
ao conhecer o mundo que não lhes pertence
assim assinam a ficha que os inscreve para
o cadafalso
enquanto os ignorantes solfejam partituras
patéticas
a despachar exércitos de répteis aos sábios
céticos
que ao sangrar as veias em ato heróico
sabem que o destino empurra os covardes ao
abismo tácito
*
De Supertrampo (2014)
como se mente
em Mendes ou na Macedônia
no Planalto ou na Lituânia
como se mente
no consciente ou no inconsciente
é constante o elemento transgressor
não existe espaço para o estrangulamento
se não existe opressor
quem oprime é a tristeza
esse camaleão incolor
dançarina sedutora
e seus venenos definitivos
***
Aristides
Klafke
De Contramão (1978) – Com Arnaldo
Xavier, Celso L. Marangoni, Lucia Villares, Maurício Merlini, Tadeu Gonçalves,
Ulisses Tavares.
PREFÁCIO (trechos)
Verdadeiramente está comprovado: no Brasil
fazer um livro de poemas é mais fácil que votar. [...] Ferreira Gullar seria
ídolo nacional se jogasse futebol. Carlos Drummond de Andrade seria canonizado
se fizesse milagres. João Cabral de Melo Neto seria subversivo se morasse na
Vila Esperança. E nós seríamos bons poetas se a paranoia e o medo não
avassalassem nossas cabeças. [...] Estamos na CONTRAMÃO porque todo brasileiro
está cometendo infração. Todo mundo insistindo em sobreviver. [...] A
contradição de um homem hoje é a mais legítima de suas armas. [...] Mesmo
armadilhados podemos lucidamente afirmar que não temos a consciência tranquila.
Tampouco temos consciência do que seja tranquilidade. Os tempos são de cravos
enferrujados sobre a tumba de um herói qualquer. [...] Os tempos são de
calabouço. [...].
*
De Esquina Dorsal (1978)
Idade
nasci num dia manso também noite
envolvido
pela abundância de ossos
e de corpos em silêncio.
sob
o áspero olhar de um pai
desnecessário.
uma mãe pronta, sem vestidura.
num deserto breve,
claro
num tempo carregado de piolhos
*
De Oportunidade dada (1980)
quando ponho
os óculos escuros
claro
que o mundo muda
de cor
*
pindaíba é ramo de bico
é fruto de guerra
é pomba, é pica
pindaíba é gente que vira
é guernica ao contrário
*
no vulto dos teus olhos
sou eu quem passa
- o retirador de retinas
*
dobro a aposta
jogo a poesia
no vermelho
*
De O mistério que tem no coração de todo
bandido (1982)
Janelas
na janela um sino
na outra janela outro sino
(dois sinos portanto temos
no par de janelas)
aqui em frente
no outro lado da janela
do primeiro sino, vejam, um mundo
enjoado de ser mundo
no outro lado da janela
do segundo sino, esta emperrada, outro
mundo
triste demais para caber no poema
nas mãos um livro roubado
manuel bandeira respirando fundo
***
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