Leonardo Davino tem construído um caminho
de reflexões consistentes sobre o estatuto da canção enquanto objeto
sonoro/poético e sobre a experiência da escuta no percurso afetivo, estético,
ético dos falantes-ouvintes brasileiros. Talvez caiba apontar, ainda que de
modo talvez muito resumido, a pequena mudança de sua pesquisa que antes, ao
abordar a musa híbrida de Caetano Veloso, se detinha sobre a canção de um modo
geral e agora se foca, ou se desdobra em perguntas que insistem sobre os
aspectos comumente menos considerados na reflexão crítica sobre a canção: a
performance vocal. O ato de cantar, haver alguém cantando, ouvir alguém
cantando pode passar a ser a base de uma reflexão sobre o que quer, o que faz,
onde vai a canção (morta, viva, zumbi, etc.)? Leonardo revisita a cena das
sereias, e busca traçar, ou mapear a dispersão de suas unidades mitopoéticas,
no imaginário musical e vocal brasileiros.
Hoje, apresentamos um de seus textos em que
essa perspectiva se faz a partir de um uso de uma escuta narrativa, em que o gesto
criador de Maria Bethânia, em seu disco de homenagem ao poeta Vinícius de
Moraes, é lido num duplo entre o drama e o lírico, de como o poeta inventa a
sereia, e vice-versa. Seguimos acompanhando Leonardo, conforme ele nos aponta
esses pequenos mistérios do canto, abrindo espaço a vozes diversas, e tempo
para a audição.
***
O
poeta e a sereia: a parceria entre a palavra de Vinicius de Morais e a voz de
Maria Bethânia
Leonardo Davino de
Oliveira
O disco Que
falta você me faz (2005) traz uma Maria Bethânia de voz mais contida e
introspectiva, menos caudalosa, porém não menos enfática na medida em que
investe na personificação dos sujeitos líricos vividos no ato de cantar. Ao invés
dos alongamentos vocálicos precisos e típicos de suas interpretações, ela opta
por enfatizar o verbo (a palavra cantada) de Vinícius, sentindo cada filigrana
das sensações. A sereia parece entender as palavras de Eucannã Ferraz sobre a
lírica do poeta:
São marcas de uma poesia moderna, na qual o
lirismo se dá de modo concentrado, num jogo bem estruturado de anáforas e
emprego de estruturas sintáticas semelhantes, rimas internas, paralelismos,
metáforas renovadoras dos mecanismos líricos tradicionais, associações
inesperadas, polissemias, tensão entre a intensidade afetiva e a recusa de seu
transbordamento, daí resultando um perfeito equilíbrio entre uma atitude
poética que articula a novidade e a tradição (FERRAZ: 2008, p. 57).
Interessa-me a
sereia que devolve ao poeta, via performance vocal, a condição fundamental do
existir. Acredito que este disco de Bethânia guarda na distribuição progressiva
do repertório a narrativa exemplar da conjunção e da disjunção lírico-amorosa,
matéria do fazer poético-cancional de Vinicius. Ou seja, a sequência do
repertório é um roteiro narrativo.
Antes de mergulhar
nas canções do disco, acredito ser importante reafirmar que letra de canção – palavra
feita para a emissão vocal – não é poesia, e nem quer, nem deve querer ser,
isto já está claro, posto que a canção tem funcionamento lógico, ético e
estético próprio. A letra precisa dizer o
ritmo-melódico. Mas é na dimensão vocoperformática que as intenções se
sustentam. Ou seja, nem toda palavra escrita serve à palavra cantada. E
vice-versa. A primeira precisa pedir
a segunda para que a canção surja. É por isso que letra e poesia são e não são
a “mesma coisa”. Para vir a ser canção, a palavra escrita precisa “ter” um
“ritmo vocal”, pois é na voz de “alguém cantando” que a canção se realiza. Deste
modo a letra de canção também é poesia se tomarmos este termo num sentido mais
amplo. No livro Performance, recepção, leitura, Paul Zumthor anota
que poesia é “uma arte humana, independente de seus modos de concretização e
fundamentada nas estruturas antropológicas mais profundas” (2007, p. 12). A
partir disso, podemos lembrar que a poesia antecede a literatura e a escrita e
nasce junto com a música nos rituais da antiguidade. Desde sempre, portanto,
poesia e música se equilibram, dialogam: engendram canções de manutenção da
vida do humano na terra.
Dito
isso, passemos a Que falta você me faz.
No encarte do disco um texto de Vinicius de Moraes datado de 03/12/1965 diz:
“Maria Bethânia canta como uma jovem árvore que queima / numa trepidação de
madeira que se extingue para o alto” e termina afirmando que “Maria Bethânia
canta com a liberdade dos pássaros para fora e para cima, mas sem perda dessa
intimidade fundamental à comunicação”. Ao que Bethânia, em entrevista à revista
Época retribui:
ÉPOCA: Que critérios você usou para
escolher o repertório?
Maria Bethânia: Foi dificílimo, eu tinha
250 canções e precisava fazer o menor que pudesse. Fechei pelo menos os
parceiros mais importantes e, dentro dessas parcerias, escolhi as canções que
mais se adaptassem a minha voz, ao meu estilo, porque não sou cantora
bossa-nova. Me dei o direito de fazer porque ele, com o amor dele, as palavras
dele, que estão expressas no disco, me autorizou.
É no elogio do
poeta à voz da sereia que mora a eficácia da beleza do disco. Poeta e sereia se
unem no elogio à musa: a poesia. Aqui pouco importa se a poesia aparece
escrita, falada, cantada. Importa apenas que ela surja. Para tanto, a primeira
canção do disco é “Modinha”, cujos versos “Vai, triste canção, sai do meu peito
/ E semeia a emoção / Que chora dentro do meu coração / Coração” condensam e
compreendem as mensagens que serão retomadas ao longo do disco: a transformação
da melancolia em canção. Além de servir como evocação da canção: da união entre
a palavra escrita com a palavra vocalizada. O gesto de evocação da musa sela o
encontro da sereia com o poeta. Evocada, a musa-canção, que contém em si a
musa-poesia, abre os trabalhos de vocalização das emoções.
A dimensão lírica
do texto escrito por um sujeito de coração dilacerado é potencializada tanto na
voz dramática em tons tristes de Bethânia, quanto no acompanhamento do piano. A
associação entre a melancolia da letra, reiterada na melodia instrumental
compõem a base que dá vida ao sujeito da triste canção do eu que se pronuncia
na voz de Bethânia.
Na faixa seguinte
emerge a voz do poeta parceiro. O soneto “Poética” é declamado por Vinicius de
Moraes na clave da poesia falada, mais uma vez chamando a atenção do ouvinte à
interação do poeta com a sereia. Ela aproveita as palavras finais dele para
engendrar o canto. É assim que o sujeito que antes reclama da tristeza amorosa
começa a dar sinais de recuperação ao dizer: “Eu morro ontem // Nasço amanhã /
Ando onde há espaço: / - Meu tempo é quando”. Fisgada, a sereia dá continuidade
ao projeto de recuperação emocional do sujeito e emenda cantando “O astronauta”
– “Quando me pergunto / Se você existe mesmo, amor” – para arrematar “Mas você,
sei lá / Você é uma mulher / Sim, você é linda / Porque é”. Realiza-se desse modo o pacto entre palavra
falada e palavra cantada no elogio da musa-poesia feita mulher.
Diante desta
constatação da beleza do outro, desta lindeza que é linda pelo fato de ser
linda, além de qualquer intervenção da razão, nasce a possibilidade do
enamoramento registrado nos versos de “Minha namorada”. Mais do que uma lista
de critérios amorosos, destaco aqui o convite ao pacto: “Você tem que me fazer
um juramento / De só ter um pensamento / Ser só minha até morrer / E também de
não perder esse jeitinho / De falar devagarinho / Essas histórias de você”.
Identifico aqui o pacto das canções, ou seja, o pacto entre o poeta que concebe
com a sereia que lhe canta os versos concebidos. “E você tem que ser a estrela
derradeira / Minha amiga e companheira / No infinito de nós dois”, conclui o
sujeito. Estes versos finais lembram que o tempo da canção, o tempo da duração
do pacto entre poeta e sereia, é quando,
isto é, dura enquanto dura a emissão vocal: “é como a pluma / Que o vento vai
levando pelo ar / Voa tão leve / Mas tem a vida breve / Precisa que haja vento
sem parar”, como canta o sujeito de “A felicidade”, quarta canção do disco. O
enlace amoroso precisa do sopro da voz da sereia cantando para manter o amor
vivo. É por isso que “Tristeza não tem fim / Felicidade sim”.
Apaixonado, animado
pelo encontro, o sujeito lírico se retira para uma paradisíaca “Tarde em
Itapuã”. Itapuã, com um mar que inaugura infinitamente um verde novinho em
folha, é o tempo-espaço “sem ontem nem amanhã” ideal para a vivência do ócio,
da vadiação, do “falar de amor”. “Ao sol que arde em Itapuã” arde também o
desejo. E o dia passa e chega a lua, a cúmplice simbólica dos enamorados.
“Lamento no morro”
e “Monólogo de Orfeu” aprofundam a entrega, o amor. O sujeito narrador
desdobra-se para dentro de si, numa investigação lírica adensada. “Mulher amada
/ Destino meu / É madrugada / Sereno dos meus olhos já correu”, diz o sujeito
da primeira, enquanto a melodia alegre vai aos poucos dando espaço à
introspecção da voz de Bethânia que muda do canto à fala para declamar o
monólogo do amor-maior-que-tudo: Orfeu. E a “mulher amada” transmuta-se em
“mulher mais adorada”. Diz o sujeito: “(...) Ah, minha Eurídice / Meu verso,
meu silêncio, minha música! / Nunca fujas de mim! Sem ti, sou nada / Sou coisa
sem razão, jogada, sou / Pedra rolada. Orfeu menos Eurídice: coisa
incompreensível!”. E mais adiante novamente surge a citação da relação entre
palavra e música: “Quem poderia pensar que Orfeu: / Orfeu cujo violão é a vida
da cidade / E cuja fala, como o vento à flor / Despetala as mulheres – que ele,
Orfeu / Ficasse assim rendido aos teus encantos!”.
Lembramos aqui da
atuação de Orfeu entre os argonautas quando, usando a lira que ganhou de Apolo,
silenciou as sereias e salvou a tripulação de Jasão que estava em busca do
tosão de ouro. Desde modo, o Orfeu de Vinicius se opõe ao Orfeu de Apolônio,
enquanto este renuncia ao canto, aquele se deixa sucumbir ao amor sirênico. E
festeja isso na canção seguinte “Mulher, sempre mulher”: “Mulher, martírio meu
/ O nosso amor / Deu no que deu / E sendo assim, não insista / Desista, vá
fazendo a pista / Chore um bocadinho / E se esqueça de mim / E se esqueça de
mim”.
Logo em seguida,
perdido de si no mar sonoro amoroso e já se ressentindo na disjunção afetiva, o
sujeito lírico criado por Bethânia percebe o mundo ao redor e canta a melancólica
“Gente humilde” a qual ele se assemelha diante do abandono: “Igual a como
quando eu passo no subúrbio / Eu muito bem, vindo de trem, de algum lugar / E
aí me dá uma inveja dessa gente / Que vai em frente, sem nem ter com que
contar”. Aqui o conteúdo lírico indica o auto-esquecimento do sujeito a fim de
elaborar um conteúdo social. O sujeito aponta que a canção não é mera expressão
de emoções individuais, mas universal, evidenciando aquilo que todos vivenciam:
a certeza de ser só. O mergulho no individualizado transvaloriza o poema lírico
ao universal humano. O uso de um acordeon lamurioso figurativiza tal estado do
ser. Lírico e universal. Afirmação do desejo e participação no mundo.
Chegamos um pouco
mais da metade do disco. A separação entre os amantes se configura através da
canção “O mais-que-perfeito”: “Ah, quem me dera amar-te / Sem mais ciúmes / De
alguém em algum lugar / Que nem presumes”, diz o sujeito, para depois
completar: “Ah, quem me dera ter-te / Morar-te até morrer-te”. Esta sensação de
perda e solitude será ratifica nos versos da canção seguinte, “O que tinha de
ser”, cujos verbos conjugados no passado agregam valor ao não-arrependimento do
sujeito que amou e agradece por ter amado, apesar da tristeza de agora: “Porque
foste na vida / A última esperança / Encontrar-te me fez criança (...) Porque
foste em minh’alma / como um amanhecer / Porque foste o que tinha de ser”. A
relação humana desfeita é o tônico da canção, ou seja, é o estímulo do canto
que mantém o sujeito vivo.
E a tristeza cobre
o narrador de apatia. Sozinho, apartado da “mulher mais adorada”, distante
paradisíaca Itapuã, o luto se instala e com ele o isolamento. Isso é configurado
na tristíssima versão de “Bom dia, tristeza”: “(...) Se chegue, tristeza /Se
sente comigo / Aqui, nesta mesa de bar / Beba do meu
copo / Me dê o seu ombro / Que é para eu chorar / Chorar de tristeza / Tristeza
de amar”, canta Bethânia.
A essa sequência
impregnada de morte, o sujeito percebe que “pra fazer um samba com beleza é
preciso um bocado de tristeza” e vocaliza versos rumo ao seu reposicionamento
depois do luto, ou seja, passa da fase do isolamento do outro para uma
aproximação através do canto do “samba em forma de oração / Porque o samba é a
tristeza que balança”, como diz os versos de “Samba da bênção”: “Ponha um pouco
de amor numa cadência / E vai ver que ninguém no mundo vence / A beleza que tem
um samba, não”. E assim o samba dá sentido à dor e sustenta o sujeito na vida,
com “a esperança divina de amar em paz” e “de um dia não ser mais triste não”.
Vem daí, portanto,
o entusiasmo do sujeito criado por Bethânia ao cantar “Você e eu”. Alheio aos
julgamentos dos outros, o sujeito assume que amou, sofreu, mas que isso basta
para seguir vivendo, já que ele consegue responder à vida com vida, com canção.
“Podem me chamar / E me pedir / E me rogar / E podem mesmo falar mal / Ficar de
mal / Que não faz mal (...) Eu sou mais você e eu”, canta o sujeito que sabe
que “todo grande amor só é bem grande se for triste”, como afirma na canção
seguinte: “Eu não existo sem você”.
“Eu sei e você sabe
que a distância não existe / Que todo grande amor / Só
é bem grande se for triste / Por isso, meu amor / Não tenha
medo de sofrer / Que todos os caminhos me encaminham pra você // Assim
como a canção / Só tem razão se se cantar // Assim como o poeta / Só é grande
se sofrer / Assim como viver / Sem ter amor não é viver / Não há você sem mim /
E eu não existo sem você”, canta Maria Bethânia coroando esta interdependência
entre canção e voz, poeta e dor, viver e amar, entre sereia e poeta.
Já tendo sido
cantada por grandes artistas, entre eles, Agostinho dos Santos, Maysa, Ângela
Maria e Cauby Peixoto, Rosa Passos e o próprio Tom Jobim, sem esquecer a
antológica gravação de Elizete Cardoso no definitivo disco Canção do amor demais, “Eu não existo sem você” expõe uma Maria
Bethânia contida, imersa no conteúdo emotivo e intelectivo do sujeito da
canção. O processo enunciativo, o “aqui-agora” do sujeito é presentificado na
voz e na melodia passional incentivando não apenas a cumplicidade do ouvinte
quanto a resignação advinda da certeza que a vida é bonita porque é, apenas e
mesmo com a presença da dor, da tristeza. As sereias entendem isso e cantam esta
emoção.
Nem Elizete, nem
Bethânia são cantoras do estilo cool
exigido pela bossa nova, ambas tem vibratos e potências vocais encorpados, de
altos volumes. Ambas investem no “calor” resultado das emoções dos sujeitos
líricos que cantam. Sobre Elizete e o disco Canção
do amor demais, que pelo gosto de Vinicius se chamaria “Eu não existo sem
você”, o poetinha escreveu:
Não foi somente por amizade que Elizete
Cardoso foi escolhida para cantar este LP. (...) Mas a diversidade dos sambas e
canções exigia uma voz particularmente afinada; de timbre popular brasileiro
mas podendo respirar acima do puramente popular, com um registro amplo e
natural nos graves e agudos e, principalmente, uma voz experiente, com a
pungência dos que amaram e sofreram, crestada pela pátina da vida. (abril
de 1958).
Encurtando um pouco
os alongamentos vocálicos, Maria Bethânia homenageia a voz de Elizete. Parece
querer cantar semelhante à sua referência. Sereia cantando sereia, em gesto
artístico promovido pelo poeta. O valor tensivo – entre expressão sonora e
conteúdo linguístico – é ratificado e assinado na voz de Bethânia: voz que
afirma que ter medo de amar não faz ninguém feliz. Os dois blocos que dividem a
canção trabalham na tematização de um sujeito que evoca a natureza e a estetiza
para compor seus sentimentos e registrar a interdependência entre ele e o
outro.
Bloco 1
Eu
sei e você sabe, já que a vida quis assim
Que nada nesse mundo levará você de mim
Eu sei e você sabe que a distância não existe
Que todo grande amor
Só é bem grande se for triste
Por isso, meu amor
Não tenha medo de sofrer
Que todos os caminhos me encaminham pra você
Que nada nesse mundo levará você de mim
Eu sei e você sabe que a distância não existe
Que todo grande amor
Só é bem grande se for triste
Por isso, meu amor
Não tenha medo de sofrer
Que todos os caminhos me encaminham pra você
Bloco
2
Assim
como o oceano
Só é belo com luar
Assim como a canção
Só tem razão se se cantar
Assim como uma nuvem
Só acontece se chover
Assim como o poeta
Só é grande se sofrer
Assim como viver
Sem ter amor não é viver
Não há você sem mim
E eu não existo sem você
Só é belo com luar
Assim como a canção
Só tem razão se se cantar
Assim como uma nuvem
Só acontece se chover
Assim como o poeta
Só é grande se sofrer
Assim como viver
Sem ter amor não é viver
Não há você sem mim
E eu não existo sem você
As vozes das duas
sereias, nas distintas e dialógicas versões, lidam com o equilíbrio entre o
ímpeto do amor e o resfriamento do sofrer, promovendo a junção entre a voz do sujeito
lírico e ouvinte. A letra se dilui no encaminhamento vagaroso da melodia. A
forma musical se mistura com a voz. Tudo para fazer crer que a sereia não vive
sem o poeta; para a aceitação daquilo “que a vida quis assim”.
Por fim, temos o
que considero o posfácio e o ponto
central do disco: a canção “Nature boy”, cantada em português por Betânhia, num
versão feita por Caetano Veloso e em inglês por Vinicius de Moraes, com a
sereia dando ao poeta a voz que fecha o disco, o livro, a narrativa e sua
poética lírico-amorosa. Afinal, para ela, “Ele ensinou / Nada é maior / Que dar
amor / E receber de volta / Amor”.
Para concluir,
estou certo que este passeio pela narrativa insinuada no disco Que falta você me faz confirma a
intenção de sua criadora, quando afirmou na entrevista de lançamento:
ÉPOCA: O que você pretende passar com o
disco Que falta que você me faz?
Maria Bethânia: Tudo o que Vinicius me
ensinou, que ensinou para todos nós através de sua poesia e de sua música. Eu
tive o privilégio de conviver algumas épocas com ele muito proximamente e
herdei mil ensinamentos. Eu queria que ficasse bem nítido no disco todos os
jeitos de Vinicius: namorador, conquistador, maravilhoso, um charme puro!
Vinícius menino, brincalhão, poeta com a mágoa do mundo, amador, um homem
generosíssimo, nos ensinando que não tem graça viver sem generosidade e amor.
Que um homem sozinho realmente é triste.
Referências bibliográficas:
FERRAZ, Eucanaã. “A palavra na canção”. In:
Vinicius de Moraes. São Paulo:
Publifolha, 2006.
MORAES, Vinicius. Samba falado: (crônicas musicais). Org. Jost Miguel, Sérgio Cohn e
Simone Campos. Rio de Janeiro: Beco do Azougue, 2008.
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